Igreja dos Capuchinhos (São Francisco de Assis) - Belém/PA |
Ao ir à
igreja dos capuchinhos “participar de uma missa” só que dessa vez de forma
“observação participante”, local onde fiz minha primeira comunhão, crisma e
onde ocorreu todo o meu engajamento e catequização cristã, fiquei
chocado com a capacidade do frade que conduziu a celebração mas não os corações
dos presentes tornava o mistério cristão na celebração mais horrenda do mundo.
Fora o rito romano imposto, que não é o problema mais grave desde que o
participante compreenda o seu sentido litúrgico de cada parte ou tenha sido
muito bem “catequizado” para engolir isso tudo sem sentido algum. Pude perceber
algumas mudanças… para pior. Se a missa é a celebração do mistério cristão, se
é a ação de graças de nossas vidas, por que temos que estar focados em um
folheto que não nos permite nem se quer de olhar para quem estar ao nosso lado?
Todos ali reunidos, mas não unidos, desconhecidos que por alguns minutos
comungam um mesmo rito, mas não a mesma fé, que mecanicamente levantam 5 vezes,
sentam 4 e ajoelham-se 01 sem ao menos saberem porque o fazem. Todos atentos a
uma homilia escatológica que mais ressaltava a denúncia de “falsos profetas e
suas idéias de fim do mundo”, só para citar as referências do frade: os maias e
as testemunhas de Jeová, pode? Banhado por uma repetição de que existe o fim de
um mundo e não do mundo…aff! (referências: queda do império romano e destruição
de Jerusalém, as torres gêmeas e a violência em São Paulo, puts!) e o anúncio
do novo ano litúrgico que está para começar…será que todas aquelas pessoas
reunidas no rito estariam interessadas no que ele estava falando? Por que o
sensacionalismo por ele feito a mídia faz com muito mais propriedade e a torna
muito mais interessante. Será que só eu havia entendido ou ao menos gravado
todas aquelas palavras “no coração” porque me fizeram sentir absolutamente
nada… não é esse o fundo do mistério, fazer sentir? Ou eu deveria ficar com
mais uma preciosidade do frade “você que não comungou, comungue agora com
Cristo que está em sua consciência…” Antes eu ouviria “comungue agora com
Cristo que está em seu coração”… mudança de eixo significa mudança de
pensamento, de sentimento? Desmotivado pelos desconhecidos que timidamente
levantavam os braços, um aqui outro ali, para louvar ao Senhor pensei: onde
ficou a alegria de louvar a Deus de todo o coração, não de consciência, de
celebrar o mistérios, de se irmanar na mesma fé? Como tenho acompanhado alguns
de meus amigos em projetos de pesquisa e extensão na UFOPA sobre a temática de
religiões de matrizes africanas tenho percebido o quanto a dança faz toda
diferença na religação com o divino, concluí: missa para que se nosso Deus não
dança? Para quê música chata, quero dizer sacra, banquete, vinho, pão se não
dançamos e nem nosso Deus dança? O que é uma festa sem a dança? É um ato
triste, horrendo, sem graça, ou seja, é uma missa celebrada na igreja dos
capuchinhos em pleno sábado às 19h30.
“Povos
todos, batei palmas, aclamai a Deus com gritos alegres.” Sl 47,1
“Meu
coração está firme, ó Deus, meu coração está firme; quero tocar e cantar para
ti!.” Sl 57,8
“Aleluia!
Cantai a Deus um cântico novo, seu louvor na assembléia dos fieis! Alegre-se
Israel com aquele que o fez, os filhos de Sião festejem o seu rei! Louvem seu
nome com danças, toquem para ele a cítara e tambor!” (Sl 149, 1-3)